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Na minha Estante tem: Matilda

  • daspaginasepelicul
  • 7 de mar. de 2017
  • 4 min de leitura

Se você é dos anos 90, começo dos 2000 com certeza se lembra de uma garotinha muito fofa e inteligente que usava uma fita vermelha na cabeça, mas que fazia parte de uma família que só via valor nas coisas materiais, no lucro fácil e em trapacear. A menina diferente dos outros familiares (e por isso mesmo incompreendida) encontra nos livros a força para seguir em frente e ser feliz.

A história que marcou gerações foi baseada no livro do INCRÍVEL Roald Dahl (o nome pode soar desconhecido, mas ele é o autor de clássicos da literatura infantil como A Fantástica Fábrica de Chocolates, O Bom Gigante Amigo, O Fantástico Senhor Raposo, James e o Pêssego Gigante entre muitos outros que depois acabaram indo para as telonas de cinema). A obra cinematográfica é bem parecida com o livro, o que tornou a leitura bem nostálgica! Impossível ler e não imaginar os atores, as locações...

Um ponto importante que é levemente (afinal é um livro infantil!) tratado na obra, mas não muito explorado no filme é o machismo. Roald Dahl fala desde o começo como o Sr. E a Sra. Wormwood são pessoas mesquinhas, trapaceiras e que não dão valor nenhum ao respeito e carinho, portanto, o discurso desses adultos sempre será carregado de futilidades, grosserias e machismo (lembrando sempre, tudo na medida certa para ainda ser um livro infantil!). Um dos momentos que encontramos esse tipo de discurso, é quando o pai chega do trabalho e fala para seu filho que teve um ótimo lucro no dia e manda (pois lá ninguém, a não ser Matilda, sabe usar palavras como por favor e obrigada) o filho pegar um papel para calcular o valor tirado, pois logo ele será o dono dos negócios da família. O senhor Wormwood começa então a falar os valores que comprou os carros e por quanto ele os revendeu de maneira não muito honrada. Então diz ao menino que a conta que ele deve fazer é bem simples, ele mesmo havia demorado dez minutos só. Logo em seguida, Matilda, que estava na sala lendo, disse a resposta da conta calmamente. O pai diz que ela está chutando e a menina pede para ele conferir o resultado. Quando o Sr. Wormwood vê que os valores batiam, disse que ela estava trapaceando, pois ninguém faria uma conta como aquela tão rápido, AINDA MAIS SENDO UMA MENINA.

Okay, você pode dizer que o pai disse isso pelo fato da idade da menina. Mas ao longo do livro (e do filme) você percebe pelo discurso deles e pela forma que eles tratam a menina (que fica em casa sozinha desde muito pequena e tem que se virar com seu almoço e todo o resto) que a idade é o menor nos empecilhos para ela ter realizado o cálculo com maestria. Será que se Matilda fosse um menino o pai não acharia a criança um gênio e tentaria tirar proveito do dom do garoto?

Outro momento é quando a professora, Srta. Honey, vai à casa de Matilda para conversar sobre a inteligência da menina. A conversa é a seguinte:

"- Mas vocês não ficam intrigados por uma menina de cinco anos estar lendo romances adultos e longos de Dickens e Hemingway? Isso não os entusiasma?

- Isso não me impressiona muito - a mãe disse. - Não sou a favor de meninas metidas a intelectuais. Uma menina deve pensar em se embelezar para mais tarde arrumar um bom marido. A sedução é mais importante do que a instrução, Srta. Gel..."

(Matilda, página 99)

E a conversa termina:

Achei bem bacana o autor mostrar isso, esse pensamento que muitos tem sobre o feminino, sobre o que acham que as mulheres almejam, sonham. O contraponto entre a Sra. Wormwood e a Srta. Honey é impressionante! Enquanto uma é um estereótipo da mulher que só liga para a aparência, que espera encontrar um homem rico que a sustente e que não dá valor ao amor verdadeiro e sim aos bens materiais, a outra é a imagem forte da mulher que luta pela sua felicidade, pelo seu desenvolvimento intelectual e pessoal, que vê no carinho e no amor ao próximo o caminho para melhorar o mundo.

Por último, mas não menos importante, temos Srta.Trunchbull, a terrível, temível, insuportável diretora da escola que judia das crianças (principalmente das menores). Como todos que já assistiram ao filme sabem, ela é também a tia da Srta. Honey e, se você acha que no filme ela já a tratava muito mal, no livro então! A professora tem que dar praticamente todo o seu salário para a tia e vive num casebre sem nenhuma mobília, tendo que dormir no chão e se alimentando da merenda da escola, já que não consegue comprar nada além de leite, margarina e pão.

Já a questão do poder de Matilda, percebemos uma grande diferença entre o livro e o filme. Enquanto na película o assunto é muito explorado, nas páginas de Roald Dahl ele só aparece mais pro final e a resolução também é diferente (apesar de achar que comentar sobre um filme de 1997 não é mais dar spoiler, não vou falar qual foi o fim (se é que existe um, fica no ar) do poder dela).

A edição que tenho é da Martins Fontes e tem as ilustrações originais e fofas feitas por Quentin Blake. Livro incrível com uma história super nostálgica, Matilda é o retrato dos amantes de livros e das pessoas que, mesmo nas dificuldades, abrem um sorriso e sabem que nunca estarão só.

“So Matilda’s strong young mind continued to grow, nurtured by the voices of all those authors who had sent their books out into the world like ships on the sea. These books gave Matilda a hopeful and comforting message: You are not alone.”

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