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Na minha estante tem: Capitães da Areia

  • daspaginasepelicul
  • 13 de ago. de 2016
  • 3 min de leitura

QUE. LIVRO. QUE. HISTÓRIA.

Capitães da Areia é o tipo de livro que todos PRECISAM ler. A história do grupo de meninos de rua é um tapa na cara, é uma denúncia social, é um soco na boca do estômago. É triste, é poético e é todo brasileiro.

Nunca tinha lido nada do Jorge Amado, apenas tinha assistido "Gabriela" (a segunda versão com a Juliana Paes) e tinha gostado, mas o contato mesmo com a sua obra pura só aconteceu essa semana. Confesso que tinha um pouco de pé atrás com o autor, pois todo mundo diz que 90% dos livros do Amado é sobre a paisagem da Bahia (apesar de que se eu morasse lá também ia querer que todos soubessem de suas belezas), mas quando comecei a ler essa obra... MEU PAI! Cada linha era um aperto no coração, uma vontade de cuidar de cada uma daquelas crianças que, pelas mazelas da vida, tinham que se comportar como homens para sobreviver. O que mais dói é que a história é real e atemporal. Quantas crianças a gente não vê por aí passando fome, frio, tendo que roubar para sobreviver, tendo que aprender desde pequenos as malícias da vida adulta?

A história é exatamente sobre essas figuras. Passamos por elas todos os dias, julgando suas atitudes, alguns até olhando com desprezo. Não sabemos sobre o passado deles, não sabemos o que os levou a morar nas ruas. O livro conta sobre um grupo de meninos (segundo o narrador são mais de cem!) que moram num trapiche e vivem de furtos. Todos são crianças, o mais velho tem 15/16 anos, mas todos já tem vícios adultos, eles bebem, fumam, se deitam com mulheres... a população não gosta deles. O Estado não gosta deles. Cada dia é uma luta para não serem levados ao reformatório que é um pesadelo, uma luta para sobreviverem os desafios das ruas.

O livro foca em alguns meninos, como Pedro Bala, o líder dos capitães da areia, João Grande, Gato, Volta Seca, Boa-Vida, Professor (o meu favorito!) e Sem-Pernas (que para mim é o personagem mais cheio de camadas do livro... é a história mais doída de todas!). Também temos o Querido-de-Deus, capoeirista e pescador que é amigo dos meninos, o padre José Pedro que tenta ao máximo ajudar essas crianças, a mãe de santo Don'aninha que também sempre dá suporte aos capitães da areia... adultos que olham para eles e enxergam mais do que ladrões, mais do que sobras que andam pelas ruas da Bahia. Na segunda parte do livro conhecemos Dora e seu irmão Zé Fuinha, que perderam os pais recentemente e não tinham onde ficar. João Grande e Professor levam eles ao trapiche, no começo os meninos querem abusar de Dora, mas acabam se apiedando de sua condição e ela acaba virando um dos meninos. Essa personagem também é apaixonante e seu desfecho é de cortar o coração.

Dois capítulos merecem muita atenção: "As Luzes do Carrossel" e "Família". O primeiro conta quando dois dos meninos arrumam um emprego no carrossel que chegou à cidade. Vemos esses personagens agindo como adultos, mas quando estão andando no carrossel, enxergamos o que realmente são: crianças. É um capítulo muito poético, emocionante mesmo! Já o "Família" é sobre quando Sem-Pernas fica na casa de uma família rica para roubá-los, mas eles dão tanto amor à ele que o menino entre em conflito com o que é certo e o que mais deseja: carinho. Ele nunca tinha sido bem tratado na vida, nunca tinha recebido nenhum beijo de boa noite. Como agir? Trairia seus companheiros ou trairia a família que estendeu seus braços e o acolheu como um filho? É nesse capítulo que a gente entende bem Sem-Pernas e a montanha russa de sentimentos que ele guarda no seu íntimo.

Um fato que acho importante destacar é que no final da minha edição tem uma nota escrita Zélia Gattai, mulher de Jorge Amado que diz:

A temática das crianças que vivem nas ruas continua bastante atual. Para escrever Capitães da Areia, Jorge Amado foi dormir no trapiche com os meninos. Isso ajuda a explicar a riqueza de detalhes, o olhar de dentro e a empatia que estão presentes na história.

E sim, a história é cheia de detalhes, Jorge não poupa nada e fala aquilo que PRECISA ser dito. Ele escancara a realidade desses moradores de rua, dos jovens, do povo brasileiro que tanto sofre.

Se você não leu ainda, LEIA AGORA! Vale muito a pena acompanhar as aventuras (e desventuras) dos capitães da areia (que com certeza vão conquistar seu coração e fazer seus olhos lacrimejarem em alguns momentos!)

Ah, deixo aqui pra vocês essa música LINDA que o Arnaldo Antunes fez para o filme ❤

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