Na minha estante tem: Orgulho e Preconceito
- daspaginasepelicul
- 23 de jul. de 2016
- 3 min de leitura

Depois de muito procrastinar, vim aqui pra falar um pouco sobre “Orgulho e Preconceito”. Antes de tudo gostaria de deixar claro que sim, eu sei que não sou ninguém na fila do pão para criticar o trabalho de alguém, ainda mais se esse alguém atende pelo nome de Jane Austen. Mas confesso que me decepcionei muito ao longo da leitura do livro. Mais uma coisa que gostaria de deixar claro, esse livro é de 1813, então nada do que eu escrever aqui será spoiler, afinal de contas, né... vamos combinar!
Bom, a história nós já discutimos um pouquinho quando falei do filme lançado em 2005 com aquela atriz do Piratas do Caribe, a Keira Knightley e o filme indiano Noiva e Preconceito. Comentei que nunca tinha gostado muito dela, mas que nesse filme ela realmente era a Elizabeth Bennet. Quando comecei a ler, confesso que me surpreendi, já que a temática superficial não me chamava a atenção, mas logo me encantei com a força da protagonista, que mesmo com toda a pressão da época, não abaixa a cabeça para tudo que lhe é imposto. Palmas para quando, mês contra a vontade da mãe, recusa o pedido de casamento do primo, mesmo ele sendo o herdeiro da casa onde ela e sua família moravam. Mas a minha decepção veio mesmo por causa dos capítulos desimportantes. Novamente digo: Quem sou eu na fila do pão pra criticar algo que Jane Austen escreveu? Ninguém e sei bem disso, mas como leitora, tem coisas que me agradam e outras que nem tanto. No geral a história é ótima, temos uma visão do papel da mulher naquela época, em como era importante que se comportasse bem para não manchar a reputação da família, vide uma das irmãs mais novas, a Lydia, que vai viajar com os vizinhos (que eram muito amigos da família) e acaba fugindo com um oficial. Aliás, essa história rendeu várias e várias páginas, dois ou três capítulos só falando nisso. Lógico que precisamos saber como tudo aconteceu e o desenrolar de tudo até sua resolução, mas honestamente? Acho que dava pra fazer tudo isso na metade de páginas que foi usado. Não temos mesmo longas descrições das paisagens da Inglaterra, dos cenários e personagens, mas a história que foi escrita em 437 páginas (na minha edição Clássicos da Folha) poderia ter sido bem mais sucinta, menor e menos cansativa.
Mas o livro tem várias coisas boas também, claro! Como eu disse, o livro é o retrato de uma época onde o dinheiro casava pessoas ou as separava em camadas distintas da sociedade (parece que não mudamos tanto assim, não é?). A personagem Lady Catherine De Bourgh, por exemplo, quando ouve os boatos de que seu sobrinho Sr. Darcy tem intenções de se casar com Elizabeth, vai atrás da moça para dizer que esse casamento jamais poderia acontecer, pois Darcy não poderia ficar com alguém tão abaixo de seu nível como ela. Até mesmo o protagonista no começo é cheio de preconceito com as pessoas que vivem nas redondezas de Netherfield por serem mais simples do que ele. As relações estabelecidas por causa do interesse são bem trabalhadas na personagem da mãe, a Sra. Bennet, que até o penúltimo capítulo odeia com todas as forças Darcy, mas quando ele pede sua filha em casamento, ela já se derrete de amores.
Orgulho e Preconceito é um marco na literatura universal e uma das obras mais importantes do classicismo inglês. Com vários diálogos ótimos (principalmente da minha personagem favorita, Elizabeth) e temáticas muito pertinentes, o livro tem uma ótima história e personagens complexos, mas peca pelo excesso (no meu ponto de vista). Confesso que fiquei com uma Ressaquinha literária depois dele, ainda mais com o final, que eu achei bem abrupto, bem: “oras, preciso terminar logo isso, pois já me estendi demais, então é isso!”. É uma das poucas histórias que prefiro o filme do que o livro. Pretendo ler outras obras de Jane Austen, dar uma outra chance, claro! Mas hoje eu posso afirmar que não, ela não faz parte do grupo dos meus autores favoritos. Orgulho e Preconceito tem muitos ingredientes bons na receita, pena que passou um pouco do ponto (pro meu pobre paladar).
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