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Na minha estante tem: O Morro dos Ventos Uivantes

  • daspaginasepelicul
  • 27 de jan. de 2016
  • 5 min de leitura

E o último livro lido foi "O Morro dos Ventos Uivantes", nada mais justo que ele fazer as honras de ser o primeiro post do blog!

Antes de começarmos a falar do livro, gostaria de apresentar a sua autora. Emily Jane Brontë nasceu em Thornton (Yorkshire) – Inglaterra no dia 30 de julho de 1818 e foi a quinta filha do casal Patrick Brontë e Maria Branwell, em uma prole de cinco mulheres e um homem.

Como perdeu a mãe aos três anos de idade, ela acabou sendo criada por uma tia chamada Branwell, que contou com a ajuda de uma empregada, Thabitha, carinhosamente chamada de Taby, de quem se afeiçoaria por toda a vida. Dizem que a personagem de Nelly Dean foi inspirada em Taby.

Emily, Charlotte e Anne tornaram-se escritoras, o irmão, Patrick Branwell, tornou-se um talentoso pintor. É dele o famoso retrato de perfil de Emily Brontë e o das três irmãs Brontë; mas o alcoolismo destruiu uma carreira promissora, e Branwell morreu aos 31 anos.

Uma curiosidade: percebam que existe um borrão entre as irmãs

o irmão havia se pintado também, mas em um de acesssos, acabou se

apagando da pintura e dexando somente as três.

Em dezembrode 1847 foi publicado “O Morro dos Ventos Uivantes”, mas sua obra sofreu grande rejeição, pois chocou a conservadora sociedade inglesa diante de uma história de amor instigante que quebrava com todos os estilos da época. O livro foi tido como maldito, com severas críticas à autora. Para muitos críticos era impossível uma história tão densa ter saído da mente de uma mulher, vista por alguns como se tivesse um demônio dentro de si para criar tão amoral personagem. Os leitores ingleses também não sabiam onde situar a obra, com sua trama complexa transitando entre um romantismo desconstruído e um realismo silvestre.

Emily Brontë morreu de tuberculose, aos trinta anos, em 19 de dezembro de 1848, três meses após a morte do irmão. Jamais imaginou que o seu único romance escrito iria se transformar em um dos mais consagrados da literatura inglesa e universal.

Mas por que a história foi considerada amoral?

Se você já leu "O Morro dos Ventos Uivantes" vai concordar comigo que não é a mais bela história de amor que existe e nem que os personagens são os mais simpáticos. Todos tem graves falhas de caráter, levando-os aos atos mais terríveis uns contra os outros.

Toda a história é contada pela governanta Nelly Dean, testemnha ocular de todos os terríveis acontecimentos, ao locatário da propriedade Thrushcross Grange, Mr. Lockwood.

Segundo Nelly, tudo começa quando o pai de Catherine e Hindley Earnshaw leva um órfão para morar com eles e dá a ele o nome de Heathcliff. Ninguém se afeiçoa ao estranho recém chegado, a não ser Cathy, por quem acabará vivendo um romance doentio, e o sr. Earnshaw. Quando seu benfeitor morre, Hindley faz da vida de Heathcliff um inferno e, apesar do grande amor que sentem um pelo outro, Catherine decide se casar com Edgar Linton, pois ele terá mais chances de dar o conforto que ela está acostumada. Desolado, o protagonista sai de Wuthering Heights e, passado um tempo, volta rico e decidido de que irá recuperar o afeto de Cathy, o que deixa Linton com muito ciúmes.

costumada. Tudo isso faz com que Heathcliff se torne cada vez mais bruto, vingativo e melancólico.

A partrir desse ponto, a história caminha para um final irremediável. Ninguém é poupado no livro, nem mesmo o cachorro! Todas as personagens sofrem o tempo todo e todos os males são causados por eles mesmos e entre eles.

Engraçado você ler um livro e não se afeiçoar por nenhum personagem de imediato, aliás, o mais comum é você ter menos desafetos do que personagens carismáticos e que te conquistam e confesso que tive vários probleminhas com "O Morro dos Ventos Uivantes". Pra começar, achei o início do livro um pouco massante e confuso por causa dos nomes que mudavam toda hora. Uma hora era Catherine Earnshaw, depois Catherine Linton e em seguida vemos o nome Catherine Heathcliff, mas conforme a senhora Dean conta a história tudo vai ficando claro e a história vai ficando interessante. (Ela é uma personagem que aprendemos a gostar.)

Outro problema que tive ao fazer a leitura do livro: todos os personagens sofrem muito e se lamentam muito e desejam sempre muito sofrimento um para o outro. Meu Deus! Tem hora que o "mimimi" é tanto que dá vontade de entrar no livro e falar "para, amiga, tá feio!" Não está acreditando? Bom, veja o trecho de uma (das muitas!) discussões entre Catherine e Heathcliff:

É... e em todo o livro temos passagens assim. Não, não estou falando que ele é ruim, muito pelo contrário, ele é ótimo, Emily Brontë escreveu uma obra que faz jus ao título de um dos maiores clássicos da literatura mundial, a questão é, se você está acontumado com textos mais "crus", que vão direto ao ponto, vai ter um pouco de trabalho para se acostumar com o livro, mas a autora amarra tudo tão bem e o mote é tão bem elaborado que você deslancha na leitura.

O livro apresenta passagens muito bonitas, como a que Catherine declara que ama Heathcliff para Nelly:

"Meus maiores sofrimentos neste mundo têm sido os sofrimentos de Heathcliff; fui testemunha deles e senti-os todos, desde o começo. Meu maior cuidado na vida é ele. Se tudo desaparecesse e ele ficasse, eu continuaria a existir. E se tudo o mais ficasse, e ele fosse aniquilado, eu ficaria só num mundo estranho, incapaz de ter parte dele. Meu amor por Linton é como folhagem da mata: o tempo há de mudá-lo como o inverno muda as árvores, isso eu sei muito bem. E o meu amor por Heathcliff é como as rochas eternas que ficam debaixo do chão; uma fonte de felicidade quase invisível, mas necessária. Nelly, Eu sou Heathcliff. Sempre, sempre o tenho em meu pensamento. Não como um prazer, porque eu também não sou um prazer para mim própria, mas como o meu próprio ser. Portanto, não fale mais em separação: é impraticável"

Bonito, né? Enfim, vale muito a pena ler "O Morro dos Ventos Uivantes", mesmo você não sendo fã de amores doentins. A obra conta com personagens fortes, bem estruturados e com presença marcante, cujas emoções e sentimentos são colocados em primeiro plano. Mostra o amor e a obsessão em suas formas mais cruas e põe em evidência o egoísmo humano, onde as vontades, desejos e crenças se chocam numa luta constante. Outro ponto magnífico na escrita de Brontë é o fato de que Wuthering Heights acaba sendo um personagem também, a casa se degrada conforme seus moradores vão se degradando também.

Fica aí a dica de leitura de um livro que, assim como seus personagens, se mostra difícil, mas cheio de sentimento e significados!

Avaliação: ✮✮✮✮

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